Uma jornada para a vida
O livro travessia traz momentos ímpares de reflexões sobre o viver
Sobre Maizé
Em outubro/2017
estive em Belo Horizonte a trabalho. Lá tive uma surpresa agradável de encontrar Maizé Trindade.
Conversei rápido com
ela e saí do teatro como se tivesse deixado de realizar alguma coisa.
No hotel fiquei
pensativo, imaginando como a gente encontra pessoas, que são relevantes na
nossa vida pessoal ou profissional, e deixa o momento passar?
No outro dia pela
manhã, mandei uma mensagem para ela, dizendo que foi muito importante tê-la
encontrado; poucos minutos depois Maizé respondia, com um texto muito animado.
Maizé foi minha
formadora em cursos de educação corporativa e sempre a tive como referência
como educadora. Ainda a admiro muito pela forma como consegue escrever
bem de forma objetiva e profunda.
Sobre o livro
É com essa
objetividade, acompanhada de um consistente conteúdo, que Maizé escreveu Travessia - fragmentos de um naufrágio.
Travessia é um
relato de jornada existencial que envolve a mente, o corpo e o espírito de
alguém que passou por um momento adverso na vida, e, após a jornada, soube nos
contar uma história que nos eleva, mesmo diante das atribulações que o mundo
nos oferece.
No texto tudo está
ligado e religado, pois as sensações do corpo também são da alma, que também afeta o
nosso pensar, que também afeta o nosso agir.
No livro Maizé reflete sobre um momento pelo qual passou, fazendo uma ligação
entre o que viveu e a ideia de naufrágio.
Ao olhar a palavra
naufrágio, vem-me à cabeça duas novas palavras: nau, com significado
de grande navio, embarcação robusta; e frágil, aquilo que é delicado. É a dança do resistente com o desprovido, diante dos desafios que a vida nos apresenta.
É a partir desse
frágil-resistente que Maizé navega sobre as tempestades que a jornada terrena
provoca e nos presenteia com cartões mensageiros cheios de ideias desse
caminhar:
- Por que não eu? É uma pergunta que incomoda;
- Medo: aqui é melhor nem comentar;
- Eu e o Outro: o que muda quando chamamos o outro para conviver com os nossos tormentos?
- Palavroterapia e Inesperança: é preciso inventar novos significados para inverter o estabelecido;
- Indizível: como expressar a dor que não passa?
- Sobrevivente: é preciso testemunhar;
- Vida e Morte: onde começa a vida? Onde começa a morte?
- Deslembrança: ah, estas marcas que ficam encravadas na nossa história;
- Travessia é coisa do Divino: é preciso reviver.
Sobre Julia Panadés
O leitor não vai
somente se emocionar com a fluidez da escrita de Maizé, mas contemplará as imagens bem-grafadas de Julia Panadés.
O grafismo de Julia conseguiu ser fiel ao depoimento de Maizé. Ao olhar as imagens tem-se a impressão de que Julia vai - a todo momento - acompanhando cada passo da escritora, representando o indizível que esse tipo de vivência propicia.
As duas conversam como amigas: a cada momento uma delas se alterna para nos contar uma parte da história que precisa ser compartilhada por meio das palavra e das imagens.
Mais sobre o livro
O livro de Maizé e
Julia teve um projeto visual primoroso. Primeiro pela ousadia de ser concebido
em forma de cartões. As meninas quebraram paradigmas da expressão, presenteando
o leitor com um formato diferente de leitura.
A escolha pelas
tonalidades do azul torna a leitura prazerosa e cria em nós uma energia de
só parar de ler quando terminar o livro.
Depois a gente vai degustando cartão aqui, cartão ali; espalha as peças sobre a mesa; pensa em pôr um dos cartões em um quadro; imagina construir um porta-quadros para que possamos sempre vislumbrar uma mensagem nova a cada dia como se fosse um calendário existencial. Que bom!
Travessia é relato
de sobrevivente; foi a forma como Maizé Trindade se renovou diante da vida, da
dor e do amor.
Sabe, quando
começamos este texto, relatei o encontro
que tive com Maizé em Belo Horizonte e da sensação de não ter conversado um
pouco mais com ela. Depois do livro pude entender que o que precisávamos
conversar estava no indizível de Travessia.
O que li? Travessia - fragmentos de um
naufrágio
De quando é? 2018
De quem é a autoria? Maizé Trindade
De quem são as ilustrações? Julia Panadés
Quem editou? Edição das autoras
Até a próxima!
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