27 de mai. de 2018

Travessia - fragmentos de um naufrágio

Uma jornada para a vida

O livro travessia traz momentos ímpares de reflexões sobre o viver







Sobre Maizé


Em outubro/2017 estive em Belo Horizonte a trabalho. Lá tive uma surpresa agradável de encontrar Maizé Trindade.

Conversei rápido com ela e saí do teatro como se tivesse deixado de realizar alguma coisa.

No hotel fiquei pensativo, imaginando como a gente encontra pessoas, que são relevantes na nossa vida pessoal ou profissional, e deixa o momento passar?

No outro dia pela manhã, mandei uma mensagem para ela, dizendo que foi muito importante tê-la encontrado; poucos minutos depois Maizé respondia, com um texto muito animado.

Maizé foi minha formadora em cursos de educação corporativa e sempre a tive como referência como educadora. Ainda a admiro muito pela forma como consegue escrever bem de forma objetiva e profunda.


Sobre o livro
É com essa objetividade, acompanhada de um consistente conteúdo, que Maizé escreveu Travessia - fragmentos de um naufrágio.

Travessia é um relato de jornada existencial que envolve a mente, o corpo e o espírito de alguém que passou por um momento adverso na vida, e, após a jornada, soube nos contar uma história que nos eleva, mesmo diante das atribulações que o mundo nos oferece.

No texto tudo está ligado e religado, pois as sensações do corpo também são da alma, que também afeta o nosso pensar, que também afeta o nosso agir.

No livro Maizé reflete sobre um momento pelo qual passou, fazendo uma ligação entre o que viveu e a ideia de naufrágio.

Ao olhar a palavra naufrágio, vem-me à cabeça duas novas palavras: nau, com significado de grande navio, embarcação robusta; e frágil, aquilo que é delicado. É a dança do resistente com o desprovido, diante dos desafios que a vida nos apresenta.

É a partir desse frágil-resistente que Maizé navega sobre as tempestades que a jornada terrena provoca e nos presenteia com cartões mensageiros cheios de ideias desse caminhar:
  • Por que não eu? É uma pergunta que incomoda;
  • Medo: aqui é melhor nem comentar;
  • Eu e o Outro: o que muda quando chamamos o outro para conviver com os nossos tormentos?
  • Palavroterapia e Inesperança: é preciso inventar novos significados para inverter o estabelecido;
  • Indizível: como expressar a dor que não passa?
  • Sobrevivente: é preciso testemunhar;
  • Vida e Morte: onde começa a vida? Onde começa a morte?
  • Deslembrança: ah, estas marcas que ficam encravadas na nossa história;
  • Travessia é coisa do Divino: é preciso reviver.

Sobre Julia Panadés
O leitor não vai somente se emocionar com a fluidez da escrita de Maizé, mas contemplará as imagens bem-grafadas de Julia Panadés.

O grafismo de Julia conseguiu ser fiel ao depoimento de Maizé. Ao olhar as imagens tem-se a impressão de que Julia vai - a todo momento - acompanhando cada passo da escritora, representando o indizível que esse tipo de vivência propicia.

As duas conversam como amigas: a cada momento uma delas se alterna para nos contar uma parte da história que precisa ser compartilhada por meio das palavra e das imagens.


Mais sobre o livro
O livro de Maizé e Julia teve um projeto visual primoroso. Primeiro pela ousadia de ser concebido em forma de cartões. As meninas quebraram paradigmas da expressão, presenteando o leitor com um formato diferente de leitura.

A escolha pelas tonalidades do azul torna a leitura prazerosa e cria em nós uma energia de só parar de ler quando terminar o livro.

Depois a gente vai degustando cartão aqui, cartão ali; espalha as peças sobre a mesa; pensa em pôr um dos cartões em um quadro; imagina construir um porta-quadros para que possamos sempre vislumbrar uma mensagem nova a cada dia como se fosse um calendário existencial. Que bom!


Travessia é relato de sobrevivente; foi a forma como Maizé Trindade se renovou diante da vida, da dor e do amor.

Sabe, quando começamos este texto,  relatei o encontro que tive com Maizé em Belo Horizonte e da sensação de não ter conversado um pouco mais com ela. Depois do livro pude entender que o que precisávamos conversar estava no indizível de Travessia.

O que li? Travessia - fragmentos de um naufrágio
De quando é? 2018
De quem é a autoria? Maizé Trindade
De quem são as ilustrações? Julia Panadés
Quem editou? Edição das autoras

Até a próxima!

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