Não estou conseguindo escrever porque as lembranças daquele som inebriante me faz meditar e é uma viagem indescritível dos cantos afro-baianos de Os Tincoãs.
Estive no teatro Castro Alves e fiquei embevecido com as vozes dos remanescentes dessa banda que abriu os caminhos dos orixás para a música da Bahia de influência africana.
De Ilê Ayiê a Olodum, de Muzenza a Cortejo Afro, de Margarete Menezes e Carlinhos Brown a Saulo Fernandes: todos eles beberam da sabedoria espírito-cultural dos meninos de Cachoeira, Bahia.
Existe uma tríade na Bahia de expressão fortemente africana. Essa tríade está nas cidades de São Salvador, Santo Amaro e Cachoeira. Dessas cidades se ouve afoxé, samba de roda, samba duro, reggae e por aí vai...
No show, convidados especiais se revelaram amantes e amados do grupo de Cachoeira. Primeiro veio Ana Mammeto com a voz harmônica ao entoar um canto espiritual dos negros vindos da África; depois Saulo vem, canta e chora, e chora; Margarete Menezes surge em silêncio, solta a voz bem distante do microfone para que a potência do cantar não retire a harmonia daquele encontro; por fim as Quebradeiras de Itapuã trouxeram a alegria do samba de roda, no ritmo e nas vozes daquelas mulheres que retomam e mantêm a cultura da gente simples do povo. Isto é a beleza.
O bom dos Tincoãs é que eles unem o canto para o corpo com o cântico para o espírito. Eles produzem música para o físico e o metafísico: eu quero dançar, eu quero cantar, eu quero orar, eu quero saudar, eu quero silenciar.
Além do show havia um primoroso livro com fotos, depoimentos e entrevistas sobre o itinerário da banda nestes séculos XX e XXI. O livro veio acompanhado de três discos da banda. Haja coração!
E agora? Agora é hora do regozijo, da fruição, da escuta, da leitura, da dança e da oração.
A que assisti? Nós, Os Tincoãs
Onde foi? Teatro Castro Alves
De quem é a música? Vários Autores
Quem Organizou? Mateus Aleluia
Quando foi? 6 de dezembro de 2017
Quem produziu? Sanzala Artística e Cultural
O que eu achei do evento? Excelente!
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