2 de jul. de 2017

Teatro do Oprimido

Um diálogo entre arte e educação 





Depois que terminei a leitura de Teatro do Oprimido, fiquei imaginando uma conversa entre Paulo Freire (Pedagogia do Oprimido) e Augusto Boal. Nessa conversa eles discutiriam o imbricamento entre educação, artes (em especial, o teatro) e política. E quantas coisas boas e pertinentes sairiam dessa conversa: a autoria, a autonomia, o protagonismo, os meandros das relações de poder quando essas instâncias do existir humano interagem entre si.
Teatro do Oprimido começa com a seguinte mensagem:  "Este livro procurar mostrar que todo teatro é necessariamente político, porque políticas são todas as atividades dos homens, e o teatro é uma delas."
Ora, e é justamente  isto que o autor vai argumentar durante o livro, convidando o leitor, a não só discutir, mas praticar um teatro protagonista, em que o especatador deixa a vida de expectativas, deixa de ser aquele que só vê, para construir uma jornada de elaboração de novas perspectivas para a própria vida e assume o papel de coautor das histórias.
Assim testemunhamos um livro criativo e inovador em que são tratados assuntos relacionados ao funcionamento do Teatro do Oprimido, as instâncias entre opressor e oprimido, um apanhado histórico sobre a concepção de teatro, até culminar com um relato de experiência de teatro popular no Peru.
A obra tem um posfácio feito por Julían Boal, filho do autor, que vale muito a leitura.
E é nisto tudo que as ideias de Pedagogia do Oprimido e Teatro do Oprimido dialogam: ambas defendem a construção de um homem político diferenciado, que se percebe num muito desigual e busca cotidianamente existir-se neste mesmo mundo.
Fica então o convite de pensarmos um teatro que funcionaria na perspectiva do cidadão que se torna coparticipante das cenas, dos figurinos, do enredo e do que for mais necessário para a construção coletiva da representação teatral.

Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas - Augusto Boal - Cosac Naify, 2013

Nenhum comentário:

Leia Mais